Poluição Luminosa X violência urbana: o desperdício gerado pela cultura do medo
Data
2016-08-25Autor
Carvalho, Ladjane Barros de
http://lattes.cnpq.br/1355856896207917
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Mostrar registro completoResumo
O inegável valor da fonte de luz artificial para a humanidade tem provocado a distorção nociva da lógica, “quanto mais luz melhor”, sobre a percepção de segurança e bem-estar do indivíduo e a consequente geração de poluição luminosa no ambiente urbano noturno. Ainda que o consenso da associação sistemática ao longo da história entre iluminação e segurança tenha o mérito de combater de forma prática conotações negativas associadas ao medo da escuridão, caberia perguntar: em que medida as práticas projetuais recentes de iluminação que reinvidicam a requalificação ambiental por meio da promoção de espaços mais seguros, estariam realmente compromentidas com tal objetivo? A questão será ora desenvolvida sob a ótica de diferentes domínios de modo a verificar a influência da percepção ambiental ancorada ao medo durante a definição de critérios projetuais. Por meio de uma abordagem qualitativa de cunho exploratório sobre a experiência prática e sua representatividade no contexto da cidade, a presente pesquisa teve por objetivo desenvolver um sistema de indicadores projetuais a partir de três categorias de análise (Regulamentação, Avaliação e Percepção). Os resultados obtidos apontam para a transferência de responsabilidade da ação pública para a ação projetual onde a luz passa a cumprir um papel que, em tese, caberia ao Estado: garantir segurança e bem-estar aos cidadaos. Desse modo, por ocasião da observação da reformulação setorial do parque luminotécnico de uma unidade de ensino pública, comprova-se a nossa hipótese de que mais do que um compromisso com a segurança pública e com a qualidade efetiva do ambiente iluminado, as práticas de iluminação adotadas são geradoras de poluição luminosa e refletem uma cultura do medo associada à violência urbana.