Estimativa de produção de sedimentos em suspensão no trecho baixo do Rio São Francisco: subsídios para gestão ambiental
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Data
2019-02-06Autor
Melo, Solange Cavalcanti de
http://lattes.cnpq.br/7854241891950506
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Os fluxos de sedimentos são processos naturais que ocorrem nos curso s de água, ocasionadas pelas erosões no meio ambiente. Entretanto, intervenções antrópicas podem acelerar ou aumentar os processos erosivos ou mesmo até reduzir as concentrações de sedimentos. Os barramentos instalados ao longo do rio São Francisco alterara m o regime das vazões naturais, na s regiões a jusante dos seus barramentos e apresentaram como principal consequência à regulação das vazões e a diminuição das concentrações de sedimentos. Neste contexto, o objetivo da pesquisa foi o de estimar quantitativamente os fluxos de sedimentos em suspensão
no Baixo São Francisco após a barragem de Xingó. Para avaliação do comportamento sedimentológico foram utilizados dados de vazão e concentração de sedimentos em suspensão, além dos dados de precipitação no intuito de entender melhor a dinâmica hidrológica na área de estudo. Os dados levantados foram obtidos do sistema Hidroweb no site da Agência Nacional da Água (ANA) no período de 1999 a 2018 . Para estimativa da carga de sedimento s em suspensão foi utilizado o método da Curva Chave de Sedimentos ( nas estações fluviométricas instaladas no Baixo São Francisco . Os resultados mostram que as cargas estimadas de sedimentos em suspensão foram aumentando ao longo do rio, começando n a estação de Piranhas com 1,98x10 6 t /ano, na estação de Traipu com 7,4 x 10 6 t /ano e na estação de Propriá a mais próxima da foz do São Francisco com 8,0 x 10 6 t /ano para todo o período de estudo O trecho considerado mais assoreado foi entre as estações de
Piranhas e Traipu onde o aumento do acumulado de sedimentos em suspensão chegou a 73,3% entre as estações. Para os dias atuais compreendendo os anos de 2017/2018 a carga de sedimentos em suspensão estimada para o Baixo São Francisco foi de 1,8 x 10 4 t /ano em Piranhas, 8, 5 x 10 4 t /ano em Traipu e de 7 x 10 4 t /ano em Propriá, que são resultados considerados baixíssimos A problemática se encontra nos últimos cincos anos aonde o Baixo São Francisco vem sofrendo com o período de estiagem. Desde 2013 houve redução gradativa das vazões disponibilizadas na barragem de Xingó. Consequentemente, houve também a redução gradativa das cargas de sedimentos em suspensão geradas nas estações de Piranhas, Traipu e Propriá. Nesse período foram encontrados os menores valores já registrados n o Baixo São Francisco correspondendo as menores séries históricas tanto de vazão como de sedimentos em suspensão . Em referencia a disponibilidade hídrica essas séries de vazões ficaram abaixo da Q 95 (vazão de permanência) para o período de estudo, indicando situações graves no que tange a vazões ecológicas na região. Essa diminuição das vazões e dos sedimentos nos últimos anos compromete seriamente o equilíbrio hidrodinâmico do curso do rio até a sua foz com a perda da energia devido à redução das velocidades dos fluxos. Consequentemente, o s sedimentos
vão se depositando ao longo do percurso do rio , além da invasão das águas do mar rio adentro com mais intensidade do que antes período de estiagem )), assim como a intrusão salina. Em virtude disto, a foz do Baixo São Francisco não está conseguindo renovar suas águas (águas novas) de modo a obter a mistura necessária para o equilíbrio ambiental na desembocadura do rio. Como resposta a essa crise hídrica, o estudo organizou um quadro síntese com as principais causas e efeitos negativos, bem como propostas de ações de controle para região em estudo.