Adaptação aos impactos das mudanças climáticas: uma reflexão com base no plano diretor 2018 da cidade do Recife, Pernambuco, Brasil
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Date
2019-04-25Author
Mélo, Inamara Santos
http://lattes.cnpq.br/5152176051459924
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A cidade do Recife, Pernambuco, apresenta as vulnerabilidades socioambientais semelhantes
às demais metrópoles brasileiras, cenário decorrente de um modelo de desenvolvimento
excludente e da falta de investimentos na infraestrutura urbana. Fortemente suscetível aos
efeitos das mudanças climáticas, esse cenário adverso poderá ser agravado, uma vez que a
cidade está sujeita ao aumento do nível do mar, ao aumento da precipitação e à elevação da
temperatura, podendo haver maior ocorrência de inundações, alagamentos, ondas de calor,
deslizamentos de terra e erosão na zona costeira. A adaptação da cidade à mudança climática
é, portanto, imperativa, mas ainda não há um consenso sobre como a questão deve ser tratada
no planejamento urbano, dada a magnitudade e intersetorialidade do problema. Este trabalho
discute a preocupação do poder público e da sociedade com a agenda climática na 16ª cidade
mais vulnerável do planeta, conforme classificação do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), e as limitações do planejamento urbano frente a cenários
climáticos cada vez mais pessimistas, cujas ameaças ainda são invisíveis aos olhos da maioria
da população. Verifica-se o quão complexa é a tarefa da gestão ambiental de definir medidas
de adaptação frente à existência de uma gama de demandas sociais, ambientais e econômicas
prementes. Através da análise do processo de revisão do Plano Diretor do Recife, vê-se que a
redução das vulnerabilidades socioambientais implica na realização de estudos mais
consistentes que possam resultar na implementação de medidas estruturadoras e que a
sustentabilidade ambiental demanda uma governança multinível, com reformas políticas em
escala global, regional e local, de difícil aplicação no curto prazo, mas necessárias para
reorientar as políticas do clima e superar a inabilidade de prover os recursos para uma
infraestrutura adequada à adaptação. O caminho para construir uma cidade resiliente, que
proporcione um ambiente mais seguro e responsivo para as futuras gerações depende de um
modelo de desenvolvimento inclusivo, que permita a um só tempo melhorar as condições de
urbanidade para uma vasta população e minimizar os impactos ocasionados pelos eventos
climáticos extremos.