A (re)produção socioespacial diferenciada e contraditória da cidade: as "duas faces" do Bairro do Recife, Recife/PE
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Date
2019-06-27Author
Marangoni, Felipe Ribeiro Gonzaga
http://lattes.cnpq.br/7840095252957140
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Formado por um istmo, o Bairro do Recife constitui um fragmento de importância
histórica, cultural e econômica da cidade do Recife e tem sofrido intervenções urbanas
que resultam num processo de (re)produção diferenciada do espaço, com benfeitorias
no setor sul, onde o bairro está sendo requalificado para abrigar equipamentos de
comércio e serviços voltados para o lazer e a economia criativa, enquanto o setor
norte, na parte correspondente à Comunidade do Pilar, mantém a situação de
precariedade urbana. Com o predomínio de atividades terciárias, as intervenções
possibilitaram a implantação de equipamentos como bares, centro de artesanato,
galerias de arte, centros culturais, museus etc., vislumbrando-se, em especial, o
consumo da classe média local e de turistas. Enquanto isso, inserida na parte norte,
está a Comunidade do Pilar, praticamente o único núcleo residencial do bairro e,
mesmo depois da implantação de uma primeira etapa do Residencial Pilar, para a
maior parte do projeto sequer há previsão de quando ou se será efetivamente
implantada. Em face disso, a pesquisa teve por objetivo geral analisar a (re)produção
socioespacial diferenciada e contraditória do Bairro do Recife, considerando as
transformações no setor sul e na Comunidade do Pilar. A metodologia pautou-se na
abordagem qualitativa e lançou mão dos seguintes procedimentos: observação direta
em campo; registro fotográfico; uso de recursos audiovisuais; fontes informativas de
sítios da internet; e entrevistas semiestruturadas com agentes responsáveis pela
reprodução desse espaço. Constatou-se que as transformações em curso no bairro
desde os fins da década de 1990 e, com ainda mais força, com as intervenções na
zona do Cais do Porto, por meio do Projeto Porto Novo Recife, há um acirramento do
processo de fragmentação socioespacial marcado por um “lado rico” e um “lado
pobre”. Enquanto no setor sul as intervenções geram uma dinâmica ligada ao
consumo, na Comunidade do Pilar a vida urbana é marcada pela segregação
induzida. Tal processo é tanto produto da frágil presença do poder público, quanto da
iniciativa privada, pois, apesar de a questão da inclusão social ser um dos vetores da
atuação das empresas do segmento de Economia Criativa no bairro, na prática,
prevalece a invisibilidade dessa comunidade.