Formação e caracterização socioespacial do complexo Beira-Mangue, Bairro de Rio Doce, Olinda – PE: um comparativo das presenças e ausências do poder público na produção socioespacial entre as unidades Beira-Mangue I Beira-Mangue II
Resumo
O complexo Beira-Mangue é uma zona delimitada pela prefeitura de Olinda para se pensar
políticas sanitárias nas zonas próximas ao rio Fragoso, no bairro de Rio Doce, Olinda – PE,
sendo subdividida em duas unidades: Beira-Mangue I e Beira-Mangue II. A área referente à
Beira-Mangue II notoriamente se destaca na paisagem do bairro, seja pelo tipo de construção
observada, seja pela própria localização das habitações, nitidamente de caráter mais precário
nas habitações e mais próxima as margens do rio, sendo uma singularidade na paisagem
urbana do bairro e contrastando com o tipo de ocupação encontrada na Beira- Mangue I,
instigando aos olhares mais curiosos questionamentos acerca do tipo de processo de produção
do espaço urbano levou a uma diferenciação espacial tão gritante. A pesquisa tem como
objetivo geral a análise do processo de formação socioespacial da unidade Beira- Mangue II e
em quê esta se diferencia do processo observado na unidade Beira-Mangue I, principalmente
no que diz respeito a atuação do poder público dentro dos dois espaços e no que tange suas
presenças e ausências na configuração socioespacial das duas unidades. Têm-se como
objetivos específicos o levantamento do perfil socioeconômico dos habitantes das duas
unidades, por meio da aplicação de questionários com os moradores das duas localidades, com
o intuito de delimitar a quais setores da sociedade esses pertencem e refletir os motivos de sua
ocupação na localidade em questão. Resgatar o histórico da ocupação nas duas unidades por
meio de entrevistas semi-estruturadas com os moradores mais antigos no intuito de, por meio
desses relatos, compreender como se deu o processo de ocupação das duas unidades, além de
levantar uma pesquisa bibliográfico a respeito da atuação das COHABs no bairro de Rio Doce
e do contexto urbano da região metropolitana do Recife que serve de base para se pensar o
processo de urbanização do bairro de Rio Doce e de formação das unidades Beira-Mangue I e
II. Por fim, identificar as presenças e ausências do poder público na constituição socioespacial
das duas unidades, por meio da análise dos resultados obtidos pelos questionários e análise de
imagens das duas localidades fazendo um comparativo das presenças e ausências do poder
público observadas entre as unidades. Partindo dos resultados obtidos ao longo da pesquisa,
foi possível constatar que a unidade Beira-Mangue II se forma e se configura espacialmente
tanto à partir de um transbordamento populacional no decorrer do processo de urbanização do
bairro de Rio Doce, quanto pelo caráter de exclusão intrínseco ao processo de ocupação
encabeçada pela atuação da antiga COHAB, gerando uma diferenciação espacial caracterizada
pela baixa presença do poder público dentro da unidade Beira-Mangue II em contraponto ao
que se é observado na Beira-Mangue I, mesmo que, em teoria, as duas unidades pertençam,
segundo a prefeitura de Olinda, ao mesmo complexo de planejamento municipal, o complexo
Beira- Mangue.