Avaliação da qualidade das águas na bacia do Rio Pirapama: influência da indústria sucroalcooleira e impactos da utilização no processo produtivo de uma indústria alimentícia

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Data
2025-03-13Autor
Silva, Givaldo José da
https://lattes.cnpq.br/7344705911496224
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A agricultura brasileira possui um papel de destaque no cenário mundial, sendo o
maior produtor e exportador de açúcar e segundo de etanol (a partir da
cana-de-açúcar). Esse processo produtivo tem como subproduto a vinhaça, um
composto líquido formado por água, matéria orgânica e minerais (principalmente
potássio) que possui alto valor fertilizante e alto poder poluente. Em Pernambuco, a
aplicação inadequada de vinhaça na bacia do rio Pirapama tem gerado
preocupações tanto do ponto de vista ambiental quanto industrial. Além disso, esse
cenário pode interferir nos processos das indústrias locais que dependem do rio para
captação de água, como nas indústrias de alimentos e bebidas. Dessa forma, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto do lançamento da vinhaça, subproduto
da indústria sucroalcooleira, na rede hidrográfica da bacia do rio Pirapama e suas
implicações na captação de água no processo produtivo de uma indústria alimentícia
no Cabo de Santo Agostinho/PE. Para analisar a qualidade da água do rio
Pirapama, foram utilizados dados de amostragens bimestrais das águas superficiais
de três estações de monitoramento (PP-20, PP-42 e PP-68), disponibilizados pela
Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), referentes aos anos de 2021 e 2022,
os mais recentes disponíveis. Para análise dos parâmetros, foi determinado o Índice
de Qualidade da Água (IQA), que incorpora as seguintes variáveis: temperatura; pH;
oxigênio dissolvido; demanda bioquímica de oxigênio DBO; coliformes
termotolerantes; nitrogênio total; fósforo total; turbidez; e sólidos totais. Além disso,
para correlacionar a qualidade da água do rio Pirapama com os indicadores de
produção da indústria alimentícia, foram obtidos dados semestrais dos anos de 2023
e 2024 sobre os parâmetros de qualidade da água utilizada pela empresa, tanto da
água bruta quanto da água tratada, incluindo os possíveis impactos da qualidade da
água na produção. Os resultados do IQA variaram entre 14 (péssima) a 64 (boa),
com valores mais baixos em períodos secos, embora o menor índice tenha sido
registrado em um período chuvoso na estação PP-20. Os principais parâmetros
responsáveis pelo enquadramento em classes de baixa qualidade foram oxigênio
dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio e coliformes termotolerantes. A baixa
ocupação humana nas proximidades das estações sugere que as cargas poluentes
são provenientes, principalmente, da atividade agroindustrial. Para a indústria
alimentícia, o odor foi o principal indicativo da presença de vinhaça na água bruta,
alterando, também, parâmetros como turbidez, condutividade elétrica e cor. A
estação de tratamento de água da indústria alimentícia não possui capacidade
suficiente para tratar água com altas cargas orgânicas da vinhaça, promovendo
alterações em parâmetros como cor, turbidez e manganês, que comprometem o
padrão de qualidade do seu processo produtivo. Quando há contaminação, a
indústria recorre ao abastecimento público, gerando custos mais elevados com a
gestão dos recursos hídricos. Nesse contexto, o estudo destaca a necessidade de
um controle rigoroso sobre os efluentes gerados pela indústria sucroalcooleira e
ressalta o impacto da degradação da qualidade da água nas indústrias locais que
dependem de água em condições adequadas para seus processos produtivos.
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