Uma outra aldeia contradições socioespaciais no Conjunto Habitacional Novo Redentor, bairro Vera Cruz, Camaragibe, Pernambuco
Data
2018-07-17Autor
Silva, Kenedy Adelson Lopes da
http://lattes.cnpq.br/1437830253187299
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Mostrar registro completoResumo
Aldeia repassa primeiramente a ideia de uma paisagem bucólica, na Região
Metropolitana do Recife (RMR), marcada pela presença de condomínios horizontais
fechados de alto padrão, chácaras, em meio à suposta abundância do verde preservado,
onde, apesar de algumas áreas de baixo poder aquisitivo, o que constituiria a realidade
seria apenas esse cenário de reclusão dos ricos. A problemática perseguida neste trabalho
teve o propósito de justamente mostrar que Aldeia vai muito além dessa visão romântica,
cuja realidade social é marcada por profundas desigualdades e carências básicas em
infraestrutura e serviços urbanos. Os problemas de natureza socioespacial dessa região
são muito comuns aos vivenciados em outros lugares da RMR. Para demonstrar tal
realidade, elege-se como recorte espacial de estudo o Conjunto Habitacional Novo
Redentor, no bairro de Vera Cruz, parte de Aldeia pertencente ao município de
Camaragibe. Tal área apresenta realidade socioeconômica muito pobre, onde é possível
identificar diversas carências relacionadas nos serviços públicos de saúde, transporte,
segurança, iluminação, escolas e limpeza. A pesquisa teve como objetivo geral analisar
as condições da vida urbana no Conjunto Habitacional Novo Redentor, bem como as
contradições e os obstáculos referentes ao processo de remoção de populações para esse
conjunto das comunidades do Córrego do Sapo, Rio das Pacas e o Piin. Para tanto, foi
feita uma abordagem qualitativa e utilizaram-se procedimentos metodológicos, tais como
análise documental, visitas a campo para realização de entrevistas semiestruturadas,
questionário, além de registro fotográfico e análise espacial por meio de imagens do
Google Earth. A pesquisa investigou a implantação do referido conjunto habitacional,
bem como análise dos condicionantes do processo de remoção de 400 famílias das dessas
três comunidades pobres. Esse conjunto habitacional é parte da obra do PAC I, que foi
gerida pela Cehab e sua construção tinha dupla finalidade: preservar as nascentes do rio
Beberibe, pelo fato de essas comunidades aí se localizarem, e melhorar as condições de
vida dessas populações, realocando-as para um novo espaço supostamente com toda a
infraestrutura e serviços urbanos. Contudo, até o presente, falta muito a ser implantado
da infraestrutura mínima necessária para o bom funcionamento do conjunto habitacional
e os serviços urbanos coletivos são muito precários ou até mesmo ausentes. Além disso,
não se nota recuperação ambiental na área das nascentes nem as comunidades foram
totalmente removidas, evidenciando um quadro de flagrante abandono dessas
populações.