Caracterização estrutural da vegetação de três fragmentos florestais expostos a diferentes perturbações antrópicas crônicas
Resumo
Este presente estudo teve como objetivo caracterizar a estrutura dos componentes adulto e
regenerante presentes em três fragmentos de floresta atlântica e que estão expostos a diferentes
perturbações crônicas. Os preditores de perturbação presentes no raio de 01 km da área de
estudo foram identificados e tiveram suas respectivas distâncias aos fragmentos medidas. A fim
de caracterizar a vegetação presente foi utilizado o método de parcelas para identificar os
indivíduos dos componentes arbóreo adulto (CAP≥15cm) e regenerantes (indivíduos lenhosos
acima de 1 m de altura e com circunferência a 30 cm do solo (CAP) ≤ 15cm) para fins
fitossociológicos, sendo 6 parcelas de 20x5m e 6 de 5x5m, respectivamente, em três fragmentos
escolhidos. Os fragmentos que apresentaram maiores proximidades para assentamentos e
estradas foram os fragmentos Generina, Salgadinho e Bom Jardim, respectivamente. Foram
identificados 813 indivíduos dos componentes arbóreo adulto e regenerante, distribuídos em 42
famílias, 90 gêneros e 137 espécies. O Generina apresentou maior riqueza florística, seguido de
Salgadinho e Bom Jardim. Os fragmentos apresentaram baixa similaridade florística entre eles
apresentando apenas 15 espécies em comum entre os três (<50%). A maioria das espécies
encontradas são de estágio inicial de sucessão, concluindo que os fragmentos se encontram em
estágio de regeneração. Além disto, destaca-se a presença da espécie invasora Artocarpus
heterophyllus em mais de um fragmento. Em relação aos parâmetros fitossociológicos, o
Generina apresentou o maior número de indivíduos regenerantes quando comparado aos outros,
sendo a espécie Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby apresentando 65 indivíduos.
Notou-se que quanto mais próximos a assentamentos e estradas maior é o número de indivíduos
em regeneração. Já para o componente arbóreo adulto, notou-se valores similares entre os
fragmentos, porém uma homogeneização das espécies Mabea piriri Aubl., Tapirira guianensis
Aubl. e Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm & Frodin enquanto aquelas que se
destacaram, evidenciando a presença de um filtro ambiental que impede que outras espécies em
processo de regeneração se desenvolvam até a fase adulta.