O mercado público da Boa Vista como espaço público: usos, resistências e ressignificações
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Data
2021-05-30Autor
Nascimento Júnior, José Milton
http://lattes.cnpq.br/3537232662334418
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Localizado no bairro homônimo, na área central do Recife, o Mercado da Boa Vista vem
perdendo sua função de mercado público, em sentido tradicional, e se transformado num
espaço de lazer e de apropriação cultural. Os mercados públicos vêm perdendo importância
como centros de abastecimento das cidades, com a concorrência gerada pelos shoppings
centers, supermercados e hipermercados. Como forma de resistência a essa realidade, esses
espaços tem sido apropriados por grupos que os transformam em lócus de manifestações
culturais, tal como se verifica no Mercado da Boa Vista localizado na área central do Recife,
cuja relação com a dinâmica do bairro homônimo é muito forte. O mercado é o mais antigo do
Recife e antes de assumir tal funcionalidade teve outros usos como cemitério, estrebaria e
cadeia pública. Atualmente, constituído de 31 boxes em funcionamento e um terço deles
voltado para o segmento de bares, o mercado se tornou importante espaço de lazer nos fins de
semana e em datas do calendário cultural recifense. A pesquisa teve como objetivo geral
compreender as metamorfoses do uso e apropriação do Mercado da Boa Vista, no que se
refere ao papel dos agentes na requalificação e ressignificação desse espaço público. Como
procedimentos metodológicos, além do levantamento e leitura da base teórico-conceitual, foi
feito o reconhecimento dos usos em 1948 e 2018, identificando mudanças e permanências de
usos. Foram realizadas, ainda, entrevistas semiestruturadas com os permissionários e com
representantes da CSURB, responsável pela gestão dos mercados públicos do Recife. Foi feito
exame da base legal que rege tais equipamentos urbanos. Dentre os resultados, constatou-se
que o Mercado da Boa Vista passa por ressignificação, tornando-se menos mercado público e
mais espaço de lazer, porém, mantém características de espaço público considerando a
acessibilidade, funcionamento e pluralidade dos usadores. Tal espaço guarda íntima relação
com o bairro em que se localiza, sendo lócus por excelência da boemia, da diversidade de
frequentadores e da expressão de várias manifestações culturais, tendo levado, inclusive, à
formação da Associação dos Amigos do Mercado, que, em parceria com o poder público ou
por sua própria iniciativa, promove eventos que contribuem para a ressignificação desse
espaço.