O Terreiro de Toré da Boa Vista como espaço sagrado do povo Xukuru do Ororubá, Pesqueira-PE
Data
2018-12-11Autor
Vieira, João Luiz da Silva
http://lattes.cnpq.br/0342252091584317
Metadata
Mostrar registro completoResumo
Os espaços sagrados são ambientes de íntima interação entre os sujeitos e o lugar,
bem como dos sujeitos entre si, extrapolando o âmbito do sagrado e alcançando
outras esferas de análise. Assim acontece com o Terreiro de Toré da Boa Vista,
situado na Aldeia Curral de Boi, no Território Indígena Xukuru do Ororubá, localizado
em Pesqueira-PE, a 215 km de distância da capital pernambucana. O povo em
questão sofreu por diversas perseguições e invasões de seu território por parte de
posseiros, tendo suas manifestações culturais renegadas. Somente após os
movimentos de retomadas durante a década de 1990 é que os Xukuru puderam
praticar seus rituais sem serem importunados pelos fazendeiros. Dessa forma,
começam a surgir espaços destinados a realização dos rituais, como o supracitado
Terreiro da Boa Vista, onde os sentimentos imbricados no espaço transcendem a
relação indivíduo e sagrado. Nesse contexto, o principal objetivo deste trabalho é
analisar as relações simbólico-afetivas do povo Xukuru do Ororubá no Terreiro de
Toré da Boa Vista, refletindo sobre as práticas dos/das indígenas Xukuru do Ororubá
durante a realização do Toré. Para alcançar este objetivo foi traçada uma trilha
metodológica iniciada pelo levantamento bibliográfico e aprofundada através de
observações diretas no local e fontes orais coletadas com sujeitos considerados
relevantes para a pesquisa e que participam ativamente no Terreiro da Boa Vista. O
espaço sagrado do Terreiro da Boa Vista enaltece a identidade territorial do povo
Xukuru do Ororubá, bem como sua indianidade e relação com os encantados e a
Natureza. É um espaço que reflete as dinâmicas territoriais que envolvem os
indivíduos que vivenciam aquele lugar e se afirmam a partir deles. Estudar os povos
indígenas é romper o pensamento colonial de homogeneidade que os envolve e
compreender o outro a partir de sua interação com o espaço.